Hoje a palavra “lixo” ganhou novo sentido e tudo aquilo que poderia ser descartado, muitas vezes, pode retornar aos processos produtivos, ser incorporado como matérias primas, consequentemente reduzir de forma significativa as emissões de CO2 e diminuir a extração de matérias primas virgens que não poderiam ser repostas no meio ambiente.
O meio ambiente artificial não pode se desprender do ambiente natural, são correlações intrínsecas, interdependentes e estratégicas inclusive para a manutenção do sistema capitalista vigente que visa à economia verde. Por isso, apontar os caminhos e alternativas coerentes às realidades locais no processo de gerenciamento de resíduos nas cidades se faz necessário, uma vez que as cidades têm como desafio manter as pessoas saudáveis, ativas e felizes com o ambiente que recebem para desenvolver as suas atividades dinâmicas cotidianas e mediadas pelas relações de consumo.
Após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil, as indústrias estão modificando suas posturas e adaptando seus processos à nova lei. Podemos citar dois grandes fatores que justificam o acúmulo do lixo e a má gestão dos resíduos: consumo e concentração urbana. A Gestão Ambiental e a Logística Reversa são ferramentas utilizadas nesta nova postura das indústrias, pois auxiliam na forma de conduzir o ciclo de produção visando à redução e desperdício dos seus insumos: energia, água, matéria prima, embalagem, etc.
Para melhor entendimento dessas ferramentas de gestão de resíduos é necessário levantar e discutir quais as ações que deverão ser tomadas com estes resíduos nos municípios, levantar as questões relacionadas à saúde pública e ocupacional para condução do gerenciamento destes resíduos rumo ao desenvolvimento sustentável.
Conforme dados levantados pelo Ministério da Agricultura, 69% dos resíduos são orgânicos, dos quais 14 mil toneladas ano são destinados para lixões e aterros. Do ponto de vista do Ministério, 100% deste volume poderia ser destinado a outras finalidades, como a compostagem; e as sobras desperdiçadas poderiam alimentar 19 milhões de pessoas. Dentro da cadeia produtiva o que é resíduo para um gerador, pode ser matéria prima para outro processo, isso acontece na reciclagem da matéria orgânica ao ser incorporada no processo de compostagem, gerando adubo orgânico para uso e aplicação na agricultura, por exemplo.
Atualmente, observa-se uma mudança de postura comportamental nas corporações privadas e públicas em relação à gestão dos resíduos industriais e urbanos; afinal, para tornar uma cidade mais sustentável faz-se necessário a conscientização ambiental, ou seja, - uma ação coletiva da sociedade, dos interlocutores da governança, por meio de políticas nacionais e estaduais como a de Resíduos Sólidos, um dos desafios rumo à sustentabilidade, uma vez que a primeira iniciativa é promover uma redução do consumo, redução da extração da matéria prima na produção de bens e serviços para a sociedade, isso implica em uma mudança no layout do processo de produção das indústrias, visando a melhor reaproveitamento dos insumos evitando o desperdício e os riscos ambientais e à população de modo geral.
Por Ellen Blaso, Consultora Tera Ambiental