Nosso planeta tem apenas cerca de 3% de água passível de consumo para aproximadamente 7 bilhões de pessoas. Além da porcentagem baixa, a distribuição de água doce é irregular, sendo que grande parte fica em geleiras e aquíferos de difícil acesso.
No Brasil, o consumo de água é distribuído em 72% para agricultura, 22% para indústria e 6% para o consumo humano. E mesmo com 12% do total de reserva de água doce do planeta, há regiões brasileiras que sofrem com o estresse hídrico. E não estamos falando exclusivamente da seca nordestina. Basicamente, o que caracteriza o estresse hídrico é a situação em que a demanda de água e seu consumo médio por habitante é maior que a oferta.
As regiões Norte e Centro-Oeste, que concentram a Bacia Amazônica, detêm 81% da disponibilidade hídrica e 13% da população. Já as regiões Sul, Sudeste e Nordeste concentram 9% dos recursos hídricos e 85,5% da população brasileira. Basicamente, essa é a fórmula para o estresse hídrico. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), dos 29 maiores aglomerados urbanos do país, 16 precisam encontrar novas fontes de água para garantir o abastecimento até 2015. Encontramos esse estudo que mostra a situação da Oferta e estresse hídrico na região Metropolitana de São Paulo, se você quiser se aprofundar no assunto.
Saneamento básico é outro fator que desencadeia o estresse hídrico. No Brasil, 73% dos municípios são abastecidos com águas superficiais que escoam ou acumulam na superfície do solo, como os rios, riachos, lagos, lagoas, pântanos e sujeitas a lançamento de esgoto, efluentes industriais, entre outros poluentes. Consequentemente, as águas poluídas não podem mais ser diretamente utilizadas e devem passar por processos de potabilização mais refinados e com altos custos, como ocorre com o Rio Tietê, em São Paulo.
Outros fatores que podem ser somados são: desequilíbrios ambientais (poluição dos rios, seca, enfraquecimento dos lençóis freáticos, etc.) e o desperdício de água. O estresse hídrico é, portanto, mais crítico nas regiões que concentram maior população, não necessariamente nas mais secas. Hoje, as áreas urbanas consomem 60% da água doce do planeta e, se confirmadas as projeções da ONU, até 2050, 70% da população mundial estará concentrada em grandes cidades, causando maior pressão a um sistema que pode ficar a beira da insustentabilidade. E, nada sendo feito para mudar padrões de consumo, dois terços da população global poderão sofrer com escassez de água doce até 2025.
A consultoria britânica Maplecroft fez um levantamento das regiões mais vulneráveis à escassez de água no mundo. Mais da metade fica em regiões desérticas ou semidesérticas do Oriente Médio, local de grande tensão e que nos faz constatar que a água pode ser uma nova fonte de conflitos na região dentro dos próximos anos.
Gráfico de estresse hídrico mundial
As empresas são importantes para a melhoria desse panorama e podem contribuir com ações que beneficiem a gestão de seus resíduos e o impacto causado por suas atuações. Mostramos no artigo Sustentabilidade ambiental faz parte da gestão de marcas globais, a preocupação que grandes empresas mundiais vem considerando com a criação de programas que visam a redução do consumo de energia, emissões de gases de efeito estufa e o consumo de água em sua produção.
Você e sua empresa estão contribuindo positivamente para esse cenário?