Conforme comentamos no artigo “Confira a situação do saneamento, coleta seletiva e resíduos sólidos no Brasil”, os serviços de saneamento básico no Brasil estão bem longe do que é considerado ideal, principalmente no tratamento de esgoto. Segundo análise feita pelo coordenador geral de engenharia e arquitetura da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Ricardo Arantes, além do déficit gerado por anos sem investimento e tecnologia ultrapassada, o país ainda enfrenta a incapacidade técnica das prefeituras e muitas vezes a rejeição da população de cidades pequenas por terem de pagar taxas para esse tipo de serviço e assim ignoram a importância do tratamento de esgoto para saúde.
As informações são da reportagem “Tratamento de esgoto ainda enfrenta rejeição da população e incapacidade técnica de prefeituras”, produzida por um repórter da Agência Brasil. Segundo informações do entrevistado, o estado de São Paulo tem os melhores índices de coleta e tratamento, mas nas demais áreas a coleta concentra-se em apenas 40% dos municípios e, dessa porcentagem, metade do esgoto é lançado in natura no meio ambiente. Um dado preocupante, já que muitos problemas ocorrem na natureza e às instituições envolvidas desde a geração até o tratamento, conforme mostramos no artigo “5 Problemas que podem ocorrer quando não há o tratamento de resíduos líquidos”.
O coordenador da Funasa afirmou que já foram elaborados mais de mil projetos para prefeituras do país, e que há mais 2,6 mil contratos para a elaboração de projetos para outras cidades brasileiras. Essa cooperação é necessária, pois falta nas prefeituras profissionais qualificados para projetar e implantar serviços de esgotamento sanitário. "No Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), vimos que muitos projetos tinham uma qualidade muito baixa, e, por isso, no PAC 2, pedimos verba para a elaboração de projetos”, explicou.
Arantes conta ainda que o custo para implantação do sistema de tratamento de esgoto é mais elevado que o sistema de abastecimento de água. Mas sabemos que ele é necessário e oferece um reflexo significativo já que em cada R$ 1 investido em saneamento básico, R$ 4 são economizados em saúde. Parasaber mais a respeito, indicamos o artigo “Conheça as doenças causadas pelo “não tratamento” do esgoto”.
Além de manter limpos e livres de contaminação os ambientes dos municípios, o tratamento de esgoto e efluentes também contribui para a preservação de aquíferos e lençóis freáticos, que podem ser contaminados até mesmo por fossas sépticas mal operadas.
Para mais informações sobre o assunto, leia também “Saneamento básico ainda é precário no Brasil”.